Portugal 2020

O ano zero de Cuba para Portugal

Diplomacia política e económica convergem na mensagem deixada em Havana aos empresários: o momento para virem é agora. Mas têm de ter paciência. A diplomacia económica está alinhada com a diplomacia política: se é empresário, tem horizontes largos, resiliência e uma dose assinalável de paciência, então este é o momento para pensar em investir em Cuba. "Venham", aconselha José Mendes, secretário de Estado Adjunto e do Ambiente. "Há aqui muitas oportunidades", reforça Miguel Frasquilho, presidente da AICEP. Cerca de 30 empresas portuguesas estão, até sexta-feira, a tentar dar corpo a esta mensagem otimista, garantindo, pela primeira vez, a apresentação de um pavilhão lusitano na FIHAV, Feira Internacional de Havana, a maior das Caraíbas. "O mercado está todo por fazer", refere Miguel Frasquilho, que assinou, este domingo, um acordo de cooperação com a congénere cubana da AICEP. Momentos antes, o ministro do Comércio Exterior cubano, Rodrigo Malmierca Diaz, tinha apresentado ao Mundo a estratégia de captação de divisas do país dos irmãos Castro. Em suma: maior abertura ao investimento privado, sem perder o ascendente em setores considerados vitais, como o das telecomunicações. O plano de desenvolvimento está assente num tripé formado pela agricultura/floresta/agropecuária, turismo e construção. O objetivo é atrair anualmente mil milhões de dólares. Ora, parte desse bolo pode bem ser português, sublinha José Mendes, que corporiza, depois da visita do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, há dias, ao território (a primeira de um chefe de Estado luso), o esforço da diplomacia nacional em abrir as portas de um país que tem quase o mesmo território e população do português. "Temos de juntar a um relacionamento político excelente uma maior dinâmica económica", assinala ainda José Mendes, que aproveitou a longa viagem para se encontrar com representantes ministeriais cubanos das áreas do comércio, construção, ciência e ambiente. "Julgo que podemos partilhar a nossa estratégia de habitação social, de transporte e de energias renováveis", afiança, reforçando a ideia de que o abrandamento da tensão entre os Estados Unidos da América e Cuba pode ser propiciador de novas oportunidades. No fundo, e apesar de haver menos de dez empresas portuguesas fixadas nesta ilha das Caraíbas (são muitas mais as que exportam), este pode ser o ano zero de Cuba para Portugal. "Quem estiver agora, posiciona-se bem", aconselha o secretário de Estado. Para agilizar os procedimentos, a AICEP vai ter, em permanência, já a partir de janeiro, um delegado oficial no território. Porque a abertura da "economia cubana é progressiva". O bloqueio norte-americano não acabou, mas o comboio está em andamento. E não vai parar. Fonte: Jornal de Notícias